4.4.17

Prece

Estação de Santa Apolónia, portas de vidro que dão para o passeio da Inf. D. Henrique.

Venho de uma leitura (leitura não é o termo) de poemas e textos de Almada Negreiros pelo André Gago. Dizer que foi sublime não começa sequer a aproximar-se da sombra do calcanhar da verdade. Como se eu nunca tivesse lido Almada e o tivesse descoberto hoje, num cafezito bonito de Alfama no qual nas primeiras terças-feiras de cada mês se celebra a poesia "com graça e majestade" (entre aspas porque a expressão não é minha. É de Tamen: "Nada a fazer, amor. Tu és nascida / e eu também por graça e majestade").

Escusado será dizer que estava comovido, se bem "estava comovido" esteja tão longe da verdade como o "sublime" de há pouco.

Numa das portas da estação um sem-abrigo, deitado na soleira lê um livro. Tem de levantar os braços para o livro receber a luz que vem do hall, como se estivesse a fazer uma prece à vida, à literatura, aos livros e à luz.

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