20.7.16

Diário de Bordos - Denia, Alicante, Espanha, 20-07-2016

Os franceses não só perderam o jogo de futebol como também se enganam nas expressões proverbiais. As avarias sucedem-se e assemelham-se. Tanto que de resto são as mesmas. Meia hora depois de saírmos de Cartagena fiquei sem leme outra vez. Felizmente já controlo a arte de governar com as máquinas no M/Y A., que tão gentilmente me vai dando estas oportunidades de exercer as minhas capacidades de aprendizagem.

Quem me dera aprender tudo tão depressa como aprendo uma embarcação.

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À chegada a Denia havia muito vento, mas lá consegui atracar sem partir nada. A manobra não foi muito elegante mas não desmereceu e não tenho de me envergonhar. A próxima vai ser seguida e sem espinhas, querido A. Esteja o vento que estiver e tenha o espaço que tiver.

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Pequena luta privada com o Ménière. Ganhei uma etapa: não conseguia olhar para cima ou para baixo sem vertigens e vim a viagem toda a olhar alternadamente para cima e para baixo até elas desaparecerem.

Vingam-se agora: aproveitam-se do cansaço, as putas. Como todas as putas do mundo, de resto. Não perdem pela espera: amanhã vou ter mais um dia "classe A." Encontrar um mecânico e um terminal para a mangueira de água, perscrutar o pique de ré para saber o que o mecânico lá vai encontrar (só isto equivale a  uma hora de ginásio, digo eu que nunca entrei num), lavar o barco, falar com o Juan Pedro, cuja reparação dos lemes foi fantástica e durou meia hora - sem ironia. Ele reparou uma parte das avarias, mas agora há que pensar nas outras - fazer os papéis de entrada e responder às muitas perguntas do armador, foder o Ménière. Tudo isto ao mesmo tempo.

Felizmente a parte feminina do meu cérebro é vasta e dá resposta a isto e muito mais.

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A perdiz de escabeche que como no Reboost é uma valente merda. Mas as miúdas são uma simpatia e o restaurante fica mesmo à saída da Marina e tem preços aceitáveis e que se lixe. Acho que vou cá voltar: a perdiz estava tão seca e desinteressante que deve ser uma excepção. Não há restaurante no mundo que sobreviva a uma carta cheia de coisas destas.

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A próxima escala vai ser Sitges, espero. Isto não é bem uma viagem, é uma peregrinação.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.