6.1.16

Diário de Bordos - Simpson Bay Marina, Sint Maarten, Antilhas Holandesas, 06-01-2016

A desculpa para vir a Philipsburg foi conhecer Erik, dono de um estaleiro aqui e muito recomendado por C.

É sempre útil conhecer fornecedores de serviços e alguém tão recomendado justificava amplamente a viagem.

A verdadeira razão foi querer ver isto uma última vez antes de me ir embora. Por pouco que se goste de Philipsburg  (e é impossível gostar mais do que pouco) forçoso é reconhecer que despida das hordas de passageiros dos paquetes a cidade até nem é feia. E come-se bem, variadamente.

Hoje está cheia desses horrorosos seres que saem dos navios - como farão para os escolher? São todos igualmente feios -  e o meu almoço começou com um ceviche de entrada no restaurante Nazca, peruano; ao qual se seguiu um guisado de carneiro no The original jerk and roti house, Jamaica; e terminou na Taska com uma empanada da República Dominicana.

Ou seja: conheci Erik - um rapagão que inspira confiança à primeira vista - e viajei gastronomicamente pelas Caraíbas e pelo Pacífico. (Que o meu ceviche seja melhor do que o do Nazca entristeceu-me, mas enfim. Não se pode ter tudo).

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Último dia em St. Maarten. Fui jantar com a tripulante ao Yacht Club. Jantar simpático e simples.

Uma senhora vegetariana é chato em casa mas agradável no restaurante. Ainda por cima insistiu em pagar uma parte do seu jantar.

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Descubro com um certo horror que amanhã vou ter um dia cheio de trabalho.

O mito de Sísifo talvez seja uma metáfora para toda a humanidade. Para um marinheiro é uma descrição simples e realista do quotidiano.

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Sou um grande fã das insónias quando tenho um bar ao lado e dinheiro no bolso. São uma bênção. Dormir é aborrecido.

O pior é que essas duas condições são menos frequentes do que as impossibilidades de dormir, coisa que demonstra de forma definitiva a injustiça da vida.

E a beleza da sorte.

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Chove como se Deus estivesse a vomitar. Felizmente não bebe álcool. Faria se fosse eu.

Infelizmente isto levou a rapariga do bar onde me acolhia a pôr uma música execrável cujo tema é a chuva e consegue, espantosamente, ser ainda menos agradável.

Pena o Soggy ter voltado à sua condição habitual: infrequentável.

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Guterres diz que o seu candidato à presidência é quem o PS escolher.

A acefalia da política portuguesa seria inquietante se não fosse tão fascinante.

Por vezes comparo-a à adesão a um clube de futebol. Que longe estou! Apoiar um clube de futebol parece um acto racional, pensado e pesado ao lado das escolhas políticas.

E este foi primeiro-ministro. Imagine-se quem nele votou.

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