20.8.15

Diário de Bordos - Lisboa, 20-08-2015

Os franceses têm uma expressão da qual gosto muito: c'est comme pisser dans un violon. É excatamente o que penso dos tratamentos auto-receitados a uma porra de uma dor no joelho que há dois meses não me larga (e agora aumentou, filha da mãe). São como mijar num violino.

Hoje resignei-me e marquei uma consulta no médico. É passar um atestado de incompetência ao corpo, não é?

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Ontem estive perto de um transporte nos Estados Unidos, de Rhode Island ao Texas. Perdi-o por causa do visa. Curioso como esta admiração que tinha pela terra dos bravos se desvanece pouco a pouco. Começou com a absurda regulamentação de tudo e mais alguma coisa - aquilo está transformado numa terra em que o absurdo manda -; e depois veio por aí abaixo, até desaguar em coisas comezinhas como esta.

Lá terei de fazer a merda do visa.

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Médico, visa... Há pessoas que incensam o real. A mim parece uma colecção de merdices. Cheias de força, é certo, Mas merdices.

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Ando a escolher receitas. O DV tem cinquenta e quatro - pelo menos as devidamente etiquetadas -. Não as vou refazer todas, mas vou andar lá perto, o mais perto possível.

Uma viagem gastronómica pelo passado recente (o DV é velho, mas relativamente. Doze anos pouco mais é do que uma vida. Vida e meia, se quiseremos ser precisos).

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Temos visto filmes na televisão, a minha anfitriã e eu. Um por dia, escolhidos por consenso. Mais uma vitória do real: não é tão bom como ir ao cinema, mas é melhor do que não os ver de todo.

Ontem calho a vez a um filme giro, na versão original chamado Copying Beethoven. Interpretação majestática de Ed Harris, na diagonal oposta do cabotino do Day-Lewis (enfim, um cabotino genial, reconheço).

Um bom actor, argumento excelente e actriz gira (e boa, também). É preciso tão pouco, não é? Talento. A sequência da interpretação da Nona (o leitmotiv do filme) é digna de antologia.

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Lisboa destapou-se das núvens e cá está, radiosa e limpa. Pelo menos no céu, que as ruas continuam uma desgraça.

Com graças inesperadas: descobri um restaurante na rua de Arroios chamado Delícia de Arroios. A amostra ainda é demasiado pequena para falar; mas não vai ficar assim por muito tempo.Há muito tempo que não como um pica-pau tão bom, tão eficiente e simpaticamente servido.

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