8.7.13

Retratos improváveis

"Namorei", dizia-me num bar de putas de Cólon, no Panamá "com uma rapariga que sabia quem era o Detective Cantor; com outra que tinha vergonha de andar à boleia; ou uma que me mostrou Paris de cima a baixo; outra sabia fazer aterrar aviões num aeroporto. Na verdade" - o homem não se calava - "namorei com uma quantidade incalculável de mulheres que sabiam fazer muitas coisas; algumas sabiam mesmo fazer tudo. Mas raramente namorei com uma mulher que me conhecesse. Antes, durante ou depois, contam-se pelos polegares de uma mão - vá, duas - as mulheres que realmente me conhecem."

Era um tipo baixo, gordo, careca, cinquenta anos; ouvia mal - estava ali claramente para falar, não para ouvir -; vestia-se bem, com roupa de marca mas não de moda. Não sabia o que lhe responder, por isso não disse nada.

"Durante muito tempo pensei que era demasiado complexo para ser conhecido por alguém, excepto talvez uma mulher excepcional, ou duas. Nada disso. É simplesmente difícil conhecer o vazio".

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