28.2.12

Diário de bordos - S. Luis, Maranhão, Brasil, 28-02-2012

O hotel é horrível, deprimente, mas manda a verdade: não é a primeira vez que fico num quarto assim. Espero é que seja a última (espero sempre, a cada vez).

Os meus sapatos hoje levaram uma esfrega. Literalmente, quero dizer. Brau - não retive o nome dele, só a alcunha (o "apelido") - tratou deles. Não lhes pôs produto nenhum, porque não o tinha, mas ficaram melhor, coitados.

Brau parece uma pedra de crack ambulante. Mostrou-me uma fotografia de "antes do vício", com a ex-mulher ("ela disse-me ou eu ou a droga e eu escolhi o vício". "Foi o vício que escolheu por ti, Brau. Mas não há nada a fazer, pois não?")

Logo a seguir passou um senhor a vender cigarros à unidade. Exactamente o que me apetecia. Comprei um "Lucky Strike". Se aquilo era Lucky Strike eu sou a galinha dos ovos de ouro. "Já não se pode vender cigarro importado", explica-me o homem. " A Federal apanha logo".

São Luís tem um "centro histórico" horroroso, feio, degradado (onde fica o meu hotel, de resto); e esse centro tem uma área chamada Reviver que está recuperada e é linda de morrer. É uma área pequena, onde está o mercado (cuja imagem me perseguia há muito tempo e eu não me lembrava de onde era. Foi como reencontrar uma pessoa cujo nome esquecemos), o café da tia Bica,  ou Dica, a livraria e dois ou três sítios que gostei de rever.

Amanhã vou falar com o dono do estaleiro onde queremos pôr o barco aqui em S. Luis. A verdade é que B. não me sai da cabeça. Terá chovido, em Parnaíba? Os cascos estarão a secar como deve ser? Conseguirei convencer o homem a aceitar-nos rapidamente?

Só espero que isto tudo sirva para uma coisa, uma só: ficar definitivamente vacinado contra a necessidade de desafios. Ou então aprender a escolher melhor os desafios.

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