9.1.12

Diário de bordos - 090112

O dia chega ao fim; trabalhei de manhã, dormi à tarde. Não foi complicado - um grupo de americanos que gostou do passeio e das manobras todas que fez. Sento-me no gazebo e vejo as nuvens imóveis - amanhã não vou ter vento nenhum. A oeste as montanhas negras, opacas recortam-se do azul escuro e alaranjado do céu. A linha de vento - uma ligeiríssima brisa - pára a cinquenta metros da margem. Entre os arbustos entrevêem-se as luzes dos mega-iates na marina. A sul Monserrate vê-se perfeitamente, o penacho de fumo do vulcão a misturar-se com as nuvens, muito poucas.

Atrás de mim uma senhora dá aulas de zumba - aparentemente uma dança - a trinta outras senhoras das mais diversas formas e feitios. O conjunto é agradável, pacífico. A luz parte rapidamente, quase ao ritmo da música. Bebo um rum com coca-cola (cada vez ponho menos Coca no rum: falaram-me recentemente num artigo sobre os terríveis malefícios do refrigerante).

T. vem sentar-se ao meu lado, entretida com o seu computador. A escuridão é agora quase total. Vejo distintamente o verde e o encarnado das bóias, as luzes de fundeadouro dos que se preocupam com isso, relativamente poucos.

A aula de zumba acabou. A noite chegou de vez - enfim, daqui a pouco haverá luar e uma estrada prateada traçará a baía. Não sei como descrever a paz, e não me preocupo muito com isso. Prefiro que seja ela descrever-me a mim, a descrever-se através de mim.

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