8.1.11

Futuros e corpos

Era uma gaja franzina, de cabelos curtos espetados como os espinhos de um ouriço. Encontrei-a num bar da Nova Zelândia, um daqueles bares em que se juntam a malta dos livros e a do desespero. Antigamente havia um assim, em Lisboa. Chamava-se Bolero, creio. Era no Martin Moniz; eu gostava de lá ir, de madrugada. Bebia aguardentes e ouvia disparates, uns bons e outros maus. Foi disso que me lembrei, quando ela me disse "não tenho futuro, mas até agora não me têm faltados corpos. Prefiro um presente povoado a um futuro deserto". "E não tens medo de ter os dois?", perguntei-lhe. "Tenho", respondeu.

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