26.4.10

Serviços Públicos

A coluna de Rui Tavares hoje no Público (link directo não disponível) versa sobre a possível privatização dos Correios e - segundo Rui Tavares - a inevitável degradação da qualidade de serviços que se lhe seguiria. Os carteiros são, para Rui Tavares, seres afáveis, cordatos, eficazes, sempre prontos a ajudar "as senhoras do prédios à volta". E assim por diante, o ditirambo é longo e comovente.

Eu tenho imensa pena de o meu Portugal não ser o de Rui Tavares. No Portugal onde vivo - e não me referindo especificamente aos Correios, com quem tenho pouquíssimos contactos - os funcionários públicos são uma espécie de micro-ditadores (aliás Miguel Esteves Cardoso dedicou-lhes recentemente uma das suas crónicas no Público - link não disponível, também). No meu Portugal os funcionários públicos não existem para servir o público, mas sim para lhe demonstrar que eles é que mandam; para colocar obstáculos e mais obstáculos às pessoas; para transformar qualquer contacto com as autoridades numa via dolorosa. No país onde vivo, o objectivo dos funcionários públicos é tornar real aquilo que Kafka imaginou.

O dinheiro que os funcionários públicos portugueses desperdiçam, e nos fazem desperdiçar, daria para duplicar o salário mínimo nacional.

Que sorte tem o Rui Tavares em viver num Portugal diferente do meu.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.