21.2.10

As coisas, e o amor são o que são

Seria preciso dizer-te uma quantidade de coisas; não tenho tempo nem talento para todas. Espero que me perdoes. O disco do Waldemar Bastos que há pouco ouvia é uma merda, por exemplo. Prefiro de longe o do Salif Keita que agora oiço. Chove e faz frio, outro exemplo: estou farto do frio, da chuva; mas sou incapaz de me sentir revoltado, porque as coisas são o que são, e de todas elas a que mais é é o tempo - nada ou quase é mais do que o tempo que faz; ou tu, que és como és e és quase a vida toda, os dias todos.

As coisas são o que são. Revoltarmo-nos é quase tão fútil como esperarmos que o tempo mude por causa das nossas imprecações. Ou como encontrar razões para o amor. Não há no mundo metáforas capazes de explicar o toque de uma pele, um olhar, um "ah" num dado momento. Porque a ausência dessa pele, a memória desse olhar ou a do suspiro fazem o mesmo efeito: o amor, tal como as coisas, é o que é. E fora dele, ou delas, nada é. 

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