11.12.09

Conversa de café - ou melhor: de Pub

Recentemente li um artigo de Camilo Lourenço no Jornal de Negócios sobre a inauguração nos EUA de um parque eólico da EDP, segundo o qual "entre a apresentação do projecto às autoridades, a sua aprovação e a atribuição do "cash grant" (incentivo fiscal criado pela administração Obama, que devolve 30% do montante investido) demoraram... quatro semanas".

Há alguns anos conheci em Londres, num daqueles pubs a que os londrinos vão depois do trabalho, um senhor que era responsável pela abertura em Portugal da primeira loja do Ikea. Estava desesperado, coitado: queixou-se-me amargamente, durante duas pints pelo menos, do tempo que as autoridades portuguesas levavam a dar respostas, a decidir, etc.

Não lhe disse nada, claro - excepto que sim, também eu sou vítima desse estranho modus faciendi. Ao contrário do que muita gente pensa não é por incompetência que os gestores portugueses demoram tempos infindos a responder - quando respondem, o que só muito raramente fazem.

Há várias razões, e quase todas se prendem com manifestações de poder. Para um gestor português (e zairense, burundês, ruandês, moçambicano, brasileiro do nordeste, para mencionar apenas os que conheço) demorar muito tempo a dar uma resposta serve para mostrar a quem o contactou a diferença de status; e assim é, correctamente, interpretado pela maioria das pessoas.

Nos EUA, Reino Unido, Suiça, Alemanha, Noruega, Suécia, França (numa certa medida - e mencionando, de novo, os que conheço) demorar muito tempo a responder, ou não o fazer de todo, é visto apenas como incompetência, e ou má-educação. Que são o que, no fundo, este abominável comportamento demonstra.

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