30.9.09

Momento gina, e assim

Borges tem uma frase curiosa, profunda, oh quão, sobre todos nos tornarmos na ideia que os outros têm de nós. Gosto dela: pressupõe ou uma enorme capacidade de mimetismo, em cada um, ou premonitória, naquele que nos rodeiam.

Feliz ou infelizmente (sinceramente não sei), sou aquilo que sou, e não me transformei naquilo que pensam de mim. Se bem a tentação seja grande, por vezes: que bom seria, deixar-me ir na corrente dos olhares; que fácil.

Há, contudo, vantagens em ser-se o que se é, ou o que sempre se foi: é ter hoje os amigos que tinha há 38 anos. Não são muitos; mas são os mesmos. Talvez seja esse o único valor, no fundo: maior do que o amor, a riqueza ou um projecto que se concretiza, uma amizade que se mantém diz mais de nós do que mil olhos recentes.

[Isto foi o momento gina do ano, espero. E, se bem me lembro, a expressão "momento gina" vem daqui, pelo que o link aqui fica, passe a desproporção, ou assim].

2 comentários:

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.