26.2.09

Gramática da sedução

A sedução tem uma gramática, e regras. Se você quer conquistar uma determinada pessoa, mais vale respeitá-las. Se não quer vergar-se a elas (impiedosas mas, reconheçamos, flexíveis), só seduz quem também não lhes liga - o que nem sempre é bom. Mais vale apontar certeiro, pôr os adjectivos depois dos substantivos e os verbos no tempo correcto.

Enfim, em qualquer caso é sempre melhor esconder que é disléxico, ou iletrado, ou não sabe distinguir um complemento de um predicado, um verbo reflexo de um pronome pessoal.

Algumas pessoas poderão dizer, "prenhes de razão", que as grandes obras se fazem não respeitando as regras. É verdade. Mas há que ter em mente duas coisas: para não as respeitar, é necessário conhecê-las; e depois: quem é que quer grandes obras? Quem quer viver em cima de um vulcão em actividade? Quem é que prefere navegar numa caudalosa torrente, se puder ter um "largo rio tranquilo"?

O ideal, meus caros, é ir by the book. Testar continuamente as receitas milenares é absurdo e só leva a grandes catástrofes (ou a grandes exaltações, é certo). Ou então assumir as consequências: mais vale uma gota de sol durante dois dias do que a lua inteira durante uma vida.

1 comentário:

  1. Caro Luís, na gramática da sedução todos os predicados são preciosos. E se pudermos juntar-lhes alguns complementos (directos ou indirectos, vale tudo) não hesitemos. Todas as hipérboles de grande efeito são admitidas. E já agora: quando se quer seduzir alguém só o sol conta, só os Niagaras importam, só os rios emocionantes e cheios de correntes valem alguma coisa. As navegações tranquilas, em velocidade de cruzeiro, só muito mais tarde vêm a ser apreciadas...

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.