30.4.08
Só um especialista pode lidar com o problema, claro
Laurie Anderson, outra e pela última vez (primeira, para o leitor).
Vozes
Gosto da voz feminina: Nico, Jeanne Lee, Patti Smith, Rickie Lee Jones, Pietra Montecorvino (o som é horrível); ou, perdoem-me o diacronismo, Santa Teresa d'Ávila, Hildegarde von Bingen.
Ou Laurie Anderson:
Serviço público - restaurantes
De entre os vários tipos e categorias de restaurantes (clássicos, modernos, tradicionais, de família, tascas, de luxo, indianos, chineses, mexicanos, bons, maus, etc.) há um que se deve particularmente temer: o das pessoas-que-acharam-giro-ter-um-restaurante-e-largaram-tudo [normalmente um lugar muito bem pago na banca, ou nos seguros - a malta do cinema e da publicidade tem mais tendência a ir para o campo]-e-abriram-um-restaurante. Muito raramente são bons; na esmagadora maioria dos casos são maus, ou péssimos.
É fácil reconhecê-los: estão decorados "à moda", têm listas incompreensíveis, uma personalidade ou duas na clientela (ninguém larga um emprego na banca para abrir uma tasca) e são frequentados por jovens, quase exclusivamente (os mais velhos já há muito aprenderam a desconfiar da maioria das novidades, ou não estão para gastar dinheiro em "descobertas").
O Maria Moranga, na Rua da Cruz dos Poiares, cabe inteiramente nesta descrição; e infelizmente está no lado da maioria.
PS - acabo de escrever isto, e oiço o seguinte diálogo:
- Sabes a diferença entre Camarão à Nordeste e Camarão Masala?
- Não. Aqui só comi caril - faz um trejeito com a boca que me leva a pensar que o caril estava intragável (e perguntar-me porque terá organizado o jantar de aniversário aqui). - Gostei - conclui.
É fácil reconhecê-los: estão decorados "à moda", têm listas incompreensíveis, uma personalidade ou duas na clientela (ninguém larga um emprego na banca para abrir uma tasca) e são frequentados por jovens, quase exclusivamente (os mais velhos já há muito aprenderam a desconfiar da maioria das novidades, ou não estão para gastar dinheiro em "descobertas").
O Maria Moranga, na Rua da Cruz dos Poiares, cabe inteiramente nesta descrição; e infelizmente está no lado da maioria.
PS - acabo de escrever isto, e oiço o seguinte diálogo:
- Sabes a diferença entre Camarão à Nordeste e Camarão Masala?
- Não. Aqui só comi caril - faz um trejeito com a boca que me leva a pensar que o caril estava intragável (e perguntar-me porque terá organizado o jantar de aniversário aqui). - Gostei - conclui.
Perguntas e respostas
Uma vez ela perguntou-me "quantas mulheres já tiveste?" e eu não consegui dizer-lhe a verdade: "Uma, só uma: tu. Tu és as mulheres todas que conheci, e as que hei-de conhecer".
29.4.08
22.4.08
Perspectivas
"É mais fácil despedir", titulavam alguns jornais hoje, devido a uma mudança da legislação. Por mim, teria escrito "É mais fácil contratar". Teria uma grande vantagem: estaria mais perto da verdade.
19.4.08
Retrato na parede
Tróia, 1978 (?)
Nessa altura usava o Tri -X, muitas vezes puxado. Tinha o grão mais bonito de todos os filmes a preto e branco.
If it be your will
If it be your will
That I speak no more
And my voice be still
As it was before
I will speak no more
I shall abide until
I am spoken for
If it be your will
If it be your will
That a voice be true
From this broken hill
I will sing to you
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing
If it be your will
If there is a choice
Let the rivers fill
Let the hills rejoice
Let your mercy spill
On all these burning hearts in hell
If it be your will
To make us well
And draw us near
And bind us tight
All your children here
In their rags of light
In our rags of light
All dressed to kill
And end this night
If it be your will
If it be your will.
17.4.08
Já?
Não estava à espera que fosse já, mas é uma boa notícia.
PS - O Público dizia ontem que uma "vaga de fundo" está a criar-se para reeleger Menezes. Não é bem uma vaga de fundo: quando muito, do fundo, ou para o fundo.
PPS - Afinal, como se pode ver, não éramos só nós que nos beliscávamos.
PS - O Público dizia ontem que uma "vaga de fundo" está a criar-se para reeleger Menezes. Não é bem uma vaga de fundo: quando muito, do fundo, ou para o fundo.
PPS - Afinal, como se pode ver, não éramos só nós que nos beliscávamos.
16.4.08
Laideur
Laideur de toute partie qui ne ne s'accorde pas à son ensemble.
Saint Augustin, "Les Aveux", ed. P.O.L., Paris 2008, Trad. Frédéric Boyer
Saint Augustin, "Les Aveux", ed. P.O.L., Paris 2008, Trad. Frédéric Boyer
Memória
- Lembro-me de ti, da tua pele, do teu sorriso, da tua ironia, do teu humor.
- Lembras-te dos meus seios, das minhas coxas, do meu ventre.
- Não. A memória não pára à superfície.
- A memória nunca passa da superfície.
- Estás enganada.
- Estás a sonhar.
- Lembras-te dos meus seios, das minhas coxas, do meu ventre.
- Não. A memória não pára à superfície.
- A memória nunca passa da superfície.
- Estás enganada.
- Estás a sonhar.
Indefinição
Sim, eu sei: quero escrever-te, mas não quero que tu me leias. Quero tocar-te, mas não quero que tu me toques. Quero ouvir-te, mas não quero falar-te.
Futebol
Não saber nada de futebol tem uma desvantagem: muitos posts em muitos blogs são incompreensíveis - e uma vantagem: quando não se percebe um post, pode sempre pensar-se que é sobre futebol.
Diálogos possíveis
- Era uma rua tão estreita, tão estreita que nem uma gota de chuva lá cabia. E apesar disso foi por ela que me entraste no coração.
- A rua não deve ser assim tão estreita: não sou o único nesse coração.
- Não, não és. Amo o meu marido e não quero viver sem ti. De um lado há uma verdade, de outro uma meia-verdade. Em nenhum há mentira, que não suporto.
- Não sei se ele diria a mesma coisa.
- Poderia quando muito falar de uma mentira por omissão, o que não é o caso.
- Poupa-me os pormenores, por favor.
- Verdade, e meia-verdade: é mais do que a maioria das pessoas tem; e muito mais do que a esmagadora maioria dos amantes tem.
- Não chega, como justificação. Com o tempo verás.
- A rua não deve ser assim tão estreita: não sou o único nesse coração.
- Não, não és. Amo o meu marido e não quero viver sem ti. De um lado há uma verdade, de outro uma meia-verdade. Em nenhum há mentira, que não suporto.
- Não sei se ele diria a mesma coisa.
- Poderia quando muito falar de uma mentira por omissão, o que não é o caso.
- Poupa-me os pormenores, por favor.
- Verdade, e meia-verdade: é mais do que a maioria das pessoas tem; e muito mais do que a esmagadora maioria dos amantes tem.
- Não chega, como justificação. Com o tempo verás.
- E quantas coisas conheces tu na vida que são justificáveis? O tempo explica tudo, talvez; mas não justifica nada. Nada, ou quase nada do que fazemos é justificável, se bem tudo tenha uma explicação. A vida é como é.
- A vida é o que nós queremos que ela seja [em parte, reconheço].
- A vida é o que é, e a nossa vontade tem muito pouco a ver com ela. Amo-te. Quero-te comigo e em mim. Quero-te sempre. E o mesmo acontece quando estou com o meu marido. Não penso sequer em ti.
- E eu não penso em ti, quando estás com ele. O que é melhor: o ciúme, ou a ausência de ciúme?
- Quero os dois.
- Queres tudo.
- Sim.
- A vida é o que nós queremos que ela seja [em parte, reconheço].
- A vida é o que é, e a nossa vontade tem muito pouco a ver com ela. Amo-te. Quero-te comigo e em mim. Quero-te sempre. E o mesmo acontece quando estou com o meu marido. Não penso sequer em ti.
- E eu não penso em ti, quando estás com ele. O que é melhor: o ciúme, ou a ausência de ciúme?
- Quero os dois.
- Queres tudo.
- Sim.
13.4.08
Partido Soma e Desce
Não sei o que disse Fernanda Câncio quando o PS falou em proibir piercings, e interessa-me tão pouco que não perdi muito tempo a procurar. Mas que o PSD actual consegue fazer prodígios de disparates, disso não me parece haver dúvidas.
ASAE
Um dos problemas do modus operandi da ASAE é que descredibiliza por completo uma coisa importante, a inspecção. Hoje falava com o dono de um pequeno bar de vinhos que me dizia "a ASAE já passou por cá. Vasculharam tudo. Multaram-me em 500 euros [mais do que o que ele faz em muitos dias de trabalho]. Sabe porquê? Porque não tinha o livro de reclamações [esquecera-se dele em casa, ou coisa que o valha]".
Pessoalmente, abomino o conceito do livro de reclamações, e acho que não devia sequer existir. Mas ser multado por não o ter? O que impede a ASAE de dizer "voltamos cá daqui a uma semana, e se não tiver o livro multamo-lo em 500 euros?" Porque é que tudo funciona desta forma africana, digital, zero ou um? A mesma pessoa disse-me que na Casa da Guia praticamente todos os restaurantes tinham tido de fechar, na sua maioria por pecadilhos pouco mais graves do que o livro de reclamações (não admitindo que é necessário, mas reconhecendo que a lei o impõe).
Se a ASAE actuasse doutro modo, talvez tivesse um melhor acolhimento - e talvez, finalmente, se começasse a reconhecer, em Portugal a importância do trabalho bem feito, e a dissociá-lo da repressão arbitrária e da manifestação de força inútil.
PS - tudo isto, e mais, e melhor, aqui.
Pessoalmente, abomino o conceito do livro de reclamações, e acho que não devia sequer existir. Mas ser multado por não o ter? O que impede a ASAE de dizer "voltamos cá daqui a uma semana, e se não tiver o livro multamo-lo em 500 euros?" Porque é que tudo funciona desta forma africana, digital, zero ou um? A mesma pessoa disse-me que na Casa da Guia praticamente todos os restaurantes tinham tido de fechar, na sua maioria por pecadilhos pouco mais graves do que o livro de reclamações (não admitindo que é necessário, mas reconhecendo que a lei o impõe).
Se a ASAE actuasse doutro modo, talvez tivesse um melhor acolhimento - e talvez, finalmente, se começasse a reconhecer, em Portugal a importância do trabalho bem feito, e a dissociá-lo da repressão arbitrária e da manifestação de força inútil.
PS - tudo isto, e mais, e melhor, aqui.
Cais do Sodré
Já agora: alguém sabe quando acabam as obras na estação de comboios do Cais do Sodré? Alguém se lembra de quando começaram?
12.4.08
Jardim Botânico
Algumas imagens do Jardim Botânico, há uma semana.
"Estamos condenados a apodrecer ao sol", escrevia Vasco Pulido Valente recentemente; "dentro de 10 anos Portugal será o país mais pobre da Europa", acrescentava Medina Carreira poucos dias depois. Foi nesta visita que me convenci (até que enfim) que têm razão, irremediavelmente razão.
As elites (ou aquilo a que em Portugal se convencionou chamar elites, uma eclética mistura de artistas de circo, jogadores de futebol, políticos, funcionários europeus, consultores e "banqueiros", entre aspas) vivem inegavelmente bem, em Portugal; quem não vive e não se conforma emigra; e os outros, por definição, não se queixam - vivem a m... como uma fatalidade e aguentam-na com um encolher de ombros e duas minis à frente da televisão, se possível de um jogo de bola (isto no caso, pouco provável, de saberem que a vida podia ser diferente).
E as coisas lá vão apodrecendo, enquanto os políticos gastam em consultorias, estudos e posters da "West Coast" os rios de dinheiro que recebem da "Europa", os "banqueiros" "gerem o risco" emprestando dinheiro para a habitação, ou aos filhos e aos amigos (que depois dispensam, simpaticamente, de pagar) e os artistas de circo - apresentadores de televisão, "actores", etc. - enchem as páginas das revistas people fazendo-se, para isso, pagar meia-dúzia de tostões que eles pensam ser muito dinheiro - e é, para o que valem.
"Estamos condenados a apodrecer ao sol", escrevia Vasco Pulido Valente recentemente; "dentro de 10 anos Portugal será o país mais pobre da Europa", acrescentava Medina Carreira poucos dias depois. Foi nesta visita que me convenci (até que enfim) que têm razão, irremediavelmente razão.
As elites (ou aquilo a que em Portugal se convencionou chamar elites, uma eclética mistura de artistas de circo, jogadores de futebol, políticos, funcionários europeus, consultores e "banqueiros", entre aspas) vivem inegavelmente bem, em Portugal; quem não vive e não se conforma emigra; e os outros, por definição, não se queixam - vivem a m... como uma fatalidade e aguentam-na com um encolher de ombros e duas minis à frente da televisão, se possível de um jogo de bola (isto no caso, pouco provável, de saberem que a vida podia ser diferente).
E as coisas lá vão apodrecendo, enquanto os políticos gastam em consultorias, estudos e posters da "West Coast" os rios de dinheiro que recebem da "Europa", os "banqueiros" "gerem o risco" emprestando dinheiro para a habitação, ou aos filhos e aos amigos (que depois dispensam, simpaticamente, de pagar) e os artistas de circo - apresentadores de televisão, "actores", etc. - enchem as páginas das revistas people fazendo-se, para isso, pagar meia-dúzia de tostões que eles pensam ser muito dinheiro - e é, para o que valem.
11.4.08
Os beijos, as letras e o vinho
O Chafariz do Vinho é um sítio muito bonito; mas perde a graça toda quando na mesa ao lado se senta uma senhora muito feia, baixinha e gorda, com pelo menos 15 cm de pele à vista entre as calças e a camisola. Não haverá quem lhes diga? Aparentemente não: ela acaba de tirar a camisola e ficou em t-shirt, branca, de mangas muito curtas, os braços gordos e curtos como pepinos gelatinosos. Está de costas para mim, mas vejo-lhe a face a três quartos, tão diferente de ti, a quem hoje enviei um beijo com todas as letras, um beijo desmerecido. Tens pelo menos a desculpa de ser bonita, e inteligente, e complexa e estranha.
Mas não merecias aquelas letras todas naquele beijo: uma ou duas, quando muito, uma ou duas - e escolhidas ao acaso, se é que isso tem algum significado.
Passam agora um disco de fado. Há pouco era blues e em breve será, adivinha-se, música sul-americana, tango ou salsa. Não gosto sempre de fado, mas nos dias em que gosto gosto muito, e hoje é um desses dias. Já vinha do restaurante com a cabeça cheia dele, enquanto o senhor da mesa ao lado se regojizava ruidosamente com a vitória da Académica sobre o Benfica (antigamente havia um clube de futebol que se chamava assim, Benfica, mas não sei se é o mesmo).
Esta mistura de fado, pedras antigas e vinho tinto é esmagadora: hoje percebo, finalmente, que a táctica é muito mais importante que a estratégia - a partir de uma série de tácticas uma estratégia aparece, quer se queira quer não. Já o oposto não é verdade: uma estratégia não se decompõe, de per si, em tácticas.
O beijo e as letras do beijo passam para segundo plano. O fado, o quadro e a ideia de que amanhã me vou encher de sol e de sal chegam perfeitamente para preencher a vida, o seu passado e esta noite, com as suas descobertas e as suas memórias. Lembro-me, por exemplo, dos beijos que te dei sem letras, só com pele e lábios e as mãos possessivas da distância. Penso na memória do futuro (a única que vale a pena) e nas pessoas que me dizem "não sou hoje a sombra do que fui"; a minha resposta, silenciosa como o beijo que hoje te dei e com todas as letras, também, é sempre a mesma: "e eu não sou hoje a sombra do que serei".
Passa por mim uma jovem japonesa, e lembro-me do que costumavas queixar-te de teres os seios pequenos. Esta de seios não tem mais do que as auréolas - e mesmo assim desenhadas a lápis, imagino. Mas é linda, atraente, sensual, tanto quanto os 15 cm de pele das costas da senhora à minha frente são assustadores, aterradores.
A vida é isto, parece-me por vezes: um copo de bom vinho bebido por uma pessoa meio constipada - a qualidade do vinho depende do grau de constipação; ou um bom beijo dado por um semi-analfabeto; ou 15 cm de pele nas costas de uma senhora da qual não vemos mais nada; e teremos sempre e para sempre que adivinhar o resto.
Mas não merecias aquelas letras todas naquele beijo: uma ou duas, quando muito, uma ou duas - e escolhidas ao acaso, se é que isso tem algum significado.
Passam agora um disco de fado. Há pouco era blues e em breve será, adivinha-se, música sul-americana, tango ou salsa. Não gosto sempre de fado, mas nos dias em que gosto gosto muito, e hoje é um desses dias. Já vinha do restaurante com a cabeça cheia dele, enquanto o senhor da mesa ao lado se regojizava ruidosamente com a vitória da Académica sobre o Benfica (antigamente havia um clube de futebol que se chamava assim, Benfica, mas não sei se é o mesmo).
Esta mistura de fado, pedras antigas e vinho tinto é esmagadora: hoje percebo, finalmente, que a táctica é muito mais importante que a estratégia - a partir de uma série de tácticas uma estratégia aparece, quer se queira quer não. Já o oposto não é verdade: uma estratégia não se decompõe, de per si, em tácticas.
O beijo e as letras do beijo passam para segundo plano. O fado, o quadro e a ideia de que amanhã me vou encher de sol e de sal chegam perfeitamente para preencher a vida, o seu passado e esta noite, com as suas descobertas e as suas memórias. Lembro-me, por exemplo, dos beijos que te dei sem letras, só com pele e lábios e as mãos possessivas da distância. Penso na memória do futuro (a única que vale a pena) e nas pessoas que me dizem "não sou hoje a sombra do que fui"; a minha resposta, silenciosa como o beijo que hoje te dei e com todas as letras, também, é sempre a mesma: "e eu não sou hoje a sombra do que serei".
Passa por mim uma jovem japonesa, e lembro-me do que costumavas queixar-te de teres os seios pequenos. Esta de seios não tem mais do que as auréolas - e mesmo assim desenhadas a lápis, imagino. Mas é linda, atraente, sensual, tanto quanto os 15 cm de pele das costas da senhora à minha frente são assustadores, aterradores.
A vida é isto, parece-me por vezes: um copo de bom vinho bebido por uma pessoa meio constipada - a qualidade do vinho depende do grau de constipação; ou um bom beijo dado por um semi-analfabeto; ou 15 cm de pele nas costas de uma senhora da qual não vemos mais nada; e teremos sempre e para sempre que adivinhar o resto.
Península ibérica
Aborrece-me, esta permanente comparação entre Portugal e Espanha: afinal, a diferença é meramente quantitativa.
9.4.08
8.4.08
Quase diálogo
Às vezes tenho essa impressão, que queres?, o cepticismo é como os tremoços, cansa de repente, sem pré-aviso. Subitamente, dá vontade de dizer "vai pentear reticências", toma banho nelas, espoja-te na dúvida, é tão mais fácil, tão confortável, ao fim e ao cabo, não é?
No fundo, tens razão: os optimistas são uns idiotas, essa busca estúpida da felicidade ou de outras coisas igualmente confrangedoras, como o amor, a alegria, a vida... - que custa, sacrificar um bocadinho de felicidade pela doce tranquilidade da descrença?
Ias dizer "derrota", em vez de descrença? Estás enganado - não há maior vitória do que baixar os braços; e aprender a ser infeliz é um belo programa, também. Muito mais bonito do que ser infeliz sem querer.
No fundo, tens razão: os optimistas são uns idiotas, essa busca estúpida da felicidade ou de outras coisas igualmente confrangedoras, como o amor, a alegria, a vida... - que custa, sacrificar um bocadinho de felicidade pela doce tranquilidade da descrença?
Ias dizer "derrota", em vez de descrença? Estás enganado - não há maior vitória do que baixar os braços; e aprender a ser infeliz é um belo programa, também. Muito mais bonito do que ser infeliz sem querer.
7.4.08
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