31.1.08

A APL e a CML

Algumas áreas do porto de Lisboa passaram para o domínio da Câmara Municipal de Lisboa. Duas ou três notas a esse respeito:

a) É uma manta de retalhos e vai inevitavelmente gerar conflitos, ou o tradicional sacudir de responsabilidades para o vizinho. Como tudo o que este Governo tem feito, é um passo na direcção certa - numa viagem que exige dez passos;

b) Algumas decisões devem, pura e simplesmente, ser tomadas pelo poder político, eleito, e não por técnicos ou gestores, por muito bons e competentes que sejam. Um exemplo: um terminal de contentores em Alcântara faz tanto sentido como um centro comercial em pleno Terreiro do Paço. Mas não se pode pedir à APL que o tire de lá (ou pode, mas a resposta será sempre um rotundo "Não"). Esse tipo de questões ("Lisboa precisa de um terminal de contentores? Se sim, onde?) são da área política - com todos os riscos que isso comporta, que na área marítima são muito maiores do que, por exemplo, com um aeroporto;

c) A sensibilidade da APL a outras utilizações do porto (Recreio, Marítimo-Turísticas) tem sido nula - basicamente porque os contentores são uma parte considerável da sua facturação. Será a da CML maior?

d) Seria interessante fazer-se um estudo comparativo sobre o impacto económico da Náutica de Recreio - incluindo, naturalmente, as AM-T - na Doca do Espanhol e o tráfico de contentores. Esse estudo devia, claro, incluir as externalidades, tanto positivas como negativas;

e) A melhor solução teria sido, creio, entregar o controlo total da zona Ribeirinha à CML, delegando esta na APL, ou numa gestão conjunta, as áreas estrictamente portuárias.

f) Durante anos e anos disse-se que ninguém tinha "coragem" para afrontar a APL. Alguém me pode dizer quais foram as terríveis consequências deste corajoso e temeroso acto?

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.