23.4.07

Paraísos e paraísos

"Portugal", escreveu o Dr. Júdice no Público (sem link) de dia 20 (e citado hoje no Jornal de Negócios, link later), "tem que ser referenciado como um paraíso para investidores". Deve haver poucas pessoas - e não há seguramente advogado nenhum - por quem eu tenha tanto respeito como pelo Dr. Júdice. Mas esta frase faz-me suave e amargamente sorrir.

Para começar, as grandes empresas internacionais (e algumas nacionais), que investem em Portugal têm enormes descontos nos impostos - ou seja, nós, a quem o Estado não paga o que deve, e a quem não tolera, apesar disso, o mais pequeno atraso no pagamento dos impostos, andamos a subsidiar multinacionais; paraíso sim, mas para alguns, portanto. A carga fiscal, realmente, não será um problema nesse éden que o Dr. Júdice antevê e eu não; mas o resto é - a educação, a burocracia, a lentidão, o medo de tomar decisões, a inveja, a arrogância dos que têm poder e o mau uso que dele fazem, a falta de pontualidade, a falta de respeito pelos mais fracos, a teia de quintas e quintinhas e capelinhas. Por enquanto, o paraíso para investidorees no qual o Dr. Júdice quer que nos tornemos parece-me inalcançável - por mim, ficaria satisfeito se nos tornássemos um país "normal".

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