11.7.05

Mais um tiro no pé (como se ainda tivéssemos pés...)

“No Diário de Notícias de hoje confirma-se a triste notícia que li ontem no Céu Sobre Lisboa. Copio aqui o comentário que lá deixei, com algumas modificações menores. Hoje estou um pouco mais revoltado: cada vez acredito mais que não há safa: vivemos e trabalhamos para sustentar funcionários públicos e políticos parasitas, incompetentes, incapazes, indiferentes ao interesse comum:

"A zona de Âlcantara devia ser dedicada à Marinha de Recreio. Um terminal de contentores no centro da cidade não faz, pura e simplesmente, sentido. A Doca do Espanhol poderia ser uma Marina (que é, como se sabe, um projecto imobiliário) magnífica, com espaço de construção, espaço para mega-iates, animação, perto do centro da cidade, do aeroporto, da foz do rio, espaço para área técnica - enfim, podia ser. Mas não é, e não será.

Serão eles idiotas? Não. Em recente conversa com uma responsável da APL (Administração do Porto de Lisboa) a senhora disse-me, candidamente:

- Pois, mas quem me paga o salário não é a navegação de recreio, são os contentores. - Perante o meu olhar atónito, ela continuou: - 70% do orçamento da APL provêm da Liscont (a empresa que gere o terminal).

Não penso que seja factualmente verdade; mas, ou arranjamos lugar na Comissão Europeia e somos colocados em Lisboa, e temos uma vida boa como não as há em mais lado nenhum da Europa, ou emigramos para Espanha - Barcelona, por exemplo, que reabilitou brilhantemente a sua orla marítima; ou Valência, que o está agora a fazer.

- Um terminal de contentores exige espaço, muito espaço. Se não o tiver, não será nunca competitivo;
- Um terminal de contentores implica quantidades enormes de camiões de 40 toneladas (mesmo que se façam caminhos de ferro, os contentores não são todos escoados por comboio);
- A 100 km (cem kilómetros, 1 hora de auto-estrada) há um porto que pode movimentar contentores de Portugal e Espanha, e de cuja estrutura accionista faz parte um dos mais eficazes operadores de terminais de contentores do mundo;
- Lisboa tem condições magníficas para a Marinha de Recreio, como a recente candidatura à America's Cup demonstrou;
- A Doca do Espanhol está "feita" - basta reconverter os edifícios, tirar de lá os restaurantes flutuantes que além de ocuparem o espaço de 40 ou 50 barcos não pagam rendas há anos (e se pagassem não seria o equivalente aos tais 40 ou 50 embarcações) - os estaleiros navais ao lado, privados, reconverter-se-iam de per si em área de apoio técnico; tudo isto sem necessidade de investimentos públicos, porque qualquer operador de marinas normalmente constituido venderia a família para poder gerir um espaço daqueles.

Mas não se pode parar esta loucura? Quem lhes paga os salários, e as incompetências, somos nós!”

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.